A quinta temporada de Stranger Things finalmente assume, sem pudor, a escala de blockbuster que a série vinha ensaiando há anos. A sensação é de evento: os quatro episódios do Volume 1 são construídos como capítulos de um grande filme, com ritmo intenso, set pieces ambiciosas e uma direção que aposta em enquadramentos amplos, trilha grandiosa e um uso constante de tensão para manter o espectador colado na tela do primeiro ao último minuto. Há um esforço claro dos Irmãos Duffer e da Netflix para transformar essa despedida em algo verdadeiramente cinematográfico, tanto em escopo quanto em atmosfera.
Dentro dessa embalagem épica, porém, ressurge um incômodo antigo: a ameaça raramente parece realmente concreta para o núcleo principal. Mesmo quando os personagens são lançados em situações explicitamente fatais, a narrativa quase sempre encontra uma saída para que todos saiam ilesos, o que atenua parte do peso dramático. A própria sequência do sequestro de Holly, construída como um dos momentos mais angustiantes deste início de temporada, termina em uma reviravolta que beira o miraculoso para as vítimas, tirando um pouco do impacto que a encenação vinha prometendo.
Ainda assim, é importante lembrar que os Duffer já garantiram que as perdas desta reta final serão mais traumáticas, o que sugere que essa “sorte” quase sobrenatural do elenco principal pode estar com os dias contados.
O CGI de Stranger Things
No campo visual, o CGI oscila. Há cenas em que o excesso de computação gráfica realmente incomoda — não o suficiente para arruinar as sequências, mas o bastante para, em determinados momentos, dar uma sensação de vazio, como se o quadro fosse enorme e nem sempre estivesse totalmente preenchido de forma orgânica. Ainda assim, o saldo é positivo: quando a mistura de cenários práticos, iluminação e efeitos encontra o equilíbrio, Stranger Things volta a impressionar, especialmente nas incursões ao Mundo Invertido e nas manifestações da presença de Vecna.
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Will no centro da trama
Se visualmente a temporada flerta com o desgaste, nas atuações ela segue em plena forma. O elenco permanece impecável, mas o grande destaque do Volume 1 é Noah Schnapp, em sua melhor entrega como Will. O personagem, por muito tempo relegado ao papel de vítima ou sensor do mal, finalmente ganha espaço dramático consistente, explorando a culpa, o trauma e, agora, uma nova etapa de sua conexão com Vecna.
O roteiro, embora conveniente em alguns pontos — com soluções e revelações que o público mais atento já antecipava há temporadas — consegue manter o interesse ao articular múltiplos núcleos em paralelo. A direção administra bem essa divisão do elenco, alternando entre grupos e localidades sem perder a linha emocional que conduz tudo rumo ao inevitável confronto final.
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O grande evento do quarto episódio, com a revelação de um novo estágio da ligação entre Will e Vecna, é um bom exemplo desse equilíbrio entre previsibilidade e eficácia. A virada é absolutamente anunciada, quase óbvia para quem acompanha teorias e pistas desde a primeira temporada, mas isso não diminui o impacto que ela exerce na dinâmica dos personagens e na construção do clímax.
A cena cumpre exatamente o que se propõe a fazer: reforça a importância de Will no tabuleiro, alimenta a sensação de que o pior ainda está por vir e infla o hype para o Volume 2. Se o começo do fim de Stranger Things não é perfeito, ele é, no mínimo, grande o bastante para justificar a ansiedade pelo desfecho dessa história.
O Volume 2 de Stranger Things 5 chega no dia 25 de dezembro com mais três episódios. Já o episódio final vem na véspera de ano novo.
