A Hora do Mal é mesmo o maior terror do ano? A resposta pode te decepcionar

a hora do mal

Quando começaram a surgir manchetes chamando A Hora do Mal de “o maior terror do ano”, parecia que estávamos diante de um novo marco do gênero. Mas ao assistir ao filme de Zach Cregger, fica claro que essa alcunha é um exagero difícil de sustentar. É até complicado classificá-lo como terror: no máximo, trata-se de um híbrido entre suspense, drama e romance com algumas doses de horror, mais próximo do que foi feito em It: A Coisa do que de qualquer clássico recente do medo.

Uma boa ideia, uma execução não tão boa

A ideia central de A Hora do Mal, no entanto, é excelente: o desaparecimento repentino de 17 crianças em uma única madrugada é perturbador e rende um suspense sólido. O filme ganha força ao mostrar os eventos a partir de múltiplos pontos de vista, ainda que nem todos funcionem da mesma forma. O arco de Paul, por exemplo, não consegue segurar o interesse, mas o de Alex é angustiante, revelando de forma brutal a origem da tragédia e a ligação direta com a vilã Gladys. Já os protagonistas Archer e Justine têm carisma e boa construção, embora fiquem subutilizados, como se o filme tivesse desperdiçado oportunidades ao investir tempo em narrativas menos relevantes.

Quem é Gladys em A Hora do Mal?

E então chegamos a Gladys. Interpretada por Amy Madigan, a personagem surge com a clara missão de se tornar um novo símbolo do horror moderno, algo como o Pennywise de Stephen King. Nos cortes que circulam pela internet ou em memes, até dá para acreditar no potencial da vilã, mas na tela grande o efeito não se concretiza. Em A Hora do Mal, Gladys soa caricata, forçada e até constrangedora, incapaz de provocar medo genuíno. Há desconforto, sim, mas não o tipo de desconforto que se espera em um filme de terror.

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O problema maior está na falta de explicações. Fica subentendido que Gladys usa bruxaria para prolongar a vida, mas como isso funciona nunca é esclarecido. Ela absorve a energia vital das vítimas? Por que mata algumas pessoas e transforma outras em fantoches? Por que chantageia Alex em vez de controlá-lo diretamente? E por que Archer volta ao normal, enquanto outros não têm a mesma sorte? Algumas perguntas abertas são aceitáveis dentro do gênero, mas aqui várias soam como puro descuido narrativo.

O desfecho satisfaz?

Para piorar, o filme muda de tom no ato final. O suspense meticuloso da primeira metade dá lugar a um clímax acelerado e exagerado, com direito a momentos quase cômicos que destoam completamente do que foi construído. O destino de Gladys até faz sentido, mas a execução tem mais cara de paródia do que de conclusão satisfatória.

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No fim das contas, A Hora do Mal é um filme de ideias brilhantes com execução apressada. O conceito das crianças desaparecidas e a estrutura em múltiplos pontos de vista tinham potencial para criar algo grandioso, mas a pressa em desenvolver a trama e a caricatura de sua vilã derrubam o impacto. Não chega a ser horrível, mas está longe de ser o terror imperdível que prometiam. O futuro prequel focado em Gladys pode até enriquecer esse universo, mas precisará responder as perguntas que este longa deixou no ar. Até lá, fica a sensação de um desperdício de uma ideia promissora.

Avaliação: 6 de 10.

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