Coringa Delírio a Dois estreou recentemente nos cinemas e anda gerando muita controvérsia nas redes sociais e entre os críticos. Sequência do sucesso de 2019 que ultrapassou a marca do US$1 bilhão nas bilheterias e rendeu o Oscar de Melhor Ator para Joaquin Phoenix, o filme está muito aquém do que se esperava.
Acontece que o filme aposta no gênero musical, algo que desde o início já incomodou os fãs, mas esse é apenas um dos motivos que decepciona o público. Vamos explorar os pontos que levam à péssima recepção que o filme de Joaquin Phoenix a seguir.
Joaquin Phoenix e Lady Gaga
Nessa nova sequência, vemos Joaquin Phoenix retornando como Arthur Fleck, mas com algumas diferenças consideráveis em relação ao primeiro filme. Enquanto em 2019, vimos a escala do personagem até a violência extrema, em Delírio a Dois vemos uma espécie de desconstrução do personagem. A atuação de Joaquin Phoenix segue bem colocada, mas está longe de ser digna de Oscar dessa vez, não que alguém esperasse isso.
Já Lady Gaga enfrenta um desafio diferente. A atriz que brilhou nos cinemas em Nasce uma Estrela encara o desafio de encarnar uma personagem muito viva na memória recente do grande público, a Arlequina. Esse talvez seja o maior erro do longa em relação à personagem, pois jamais diríamos que ela é Harley Quinn, ao menos não a que amamos. É uma personagem completamente diferente da que se esperava, e a comparação com a versão de Margot Robbie só joga contra e torna a de Lady Gaga chata. Não diria que Gaga está atuando mal como muitos acham, diria que a personagem é chata desde a concepção e roteiro. Obviamente minhas expectativas em relação à atuação da cantora/atriz nunca estiveram tão altas.

Desconstrução do primeiro filme do Coringa
Um dos maiores problemas de Coringa Delírio a Dois é de fato o seu roteiro. A história claramente segue a ideia de descontruir o que se construiu no filme original de 2019 e esse é o maior erro da continuação. Enquanto os fãs esperavam que a escala de violência se elevasse, o novo filme faz o caminho oposto e quer destronar o Coringa e toda a idolatria que surgiu ao seu entorno.
No fim das contas, eles cumprem esse objetivo de forma satisfatória, mas ficamos nos perguntando o porquê dessa ideia original. Coringa Delírio a Dois é um musical bem feito, nada extraordinário, porém bem feito. Mas quem é que queria um musical do maior vilão da DC? Quem é que queria ver ele se apaixonando e cantando loucamente? Quem é que queria ver ele deixar de ser o monstro que se tornou no filme de 2019?
Necessidade de sugar um sucesso até a última gota
A recepção negativa de Coringa 2 só comprova um antigo pensamento: existem filmes que devem permanecer isolados sem uma sequência. Um dos pontos mais legais do filme original é que ele mostra uma versão completamente diferente do Coringa dos quadrinhos e demais mídias, e a forma como Todd Phillips leva esse personagem a atitudes surpreendentes só soma à nossa experiência como expectador. Por outro lado, em uma sequência chegamos cheios de expectativas e convicções de como o novo filme deve ser. É uma tarefa muito mais complexa e o risco é gigantesco, especialmente quando o longa original se tornou uma febre e recebeu tantos prêmios. Às vezes, deixar o gostinho de “quero mais” é a melhor opção.
Para concluir, cravamos que Coringa Delírio a Dois não é um filme horrível como andam dizendo, ao menos não tecnicamente. Mas é sim um filme decepcionante, uma trama que ninguém queria ver. Se você gosta de um musical com alguns conceitos profundos, assista. Agora se você quer um filme do maior vilão do Batman ou uma sequência que escale os eventos do filme de 2019, melhor passar.