Poucas Terras alternativas da DC Comics são tão perturbadoras quanto a Terra-X, o mundo em que os nazistas venceram a Segunda Guerra Mundial e dominaram o planeta com mão de ferro. Criada nos quadrinhos em 1973, ela foi por muito tempo apenas uma realidade sombria do multiverso, mas agora ganhou nova relevância: a segunda temporada de Pacificador se passa oficialmente nesse universo, trazendo de volta um dos cenários mais controversos da DC.
A origem da Terra-X nos quadrinhos
A primeira aparição da Terra-X aconteceu em Justice League of America #107, quando a Liga da Justiça e a Sociedade da Justiça se depararam com um mundo dominado por Hitler e seus sucessores. Nesse cenário, a guerra nunca terminou em 1945 e o Reich expandiu sua influência por todo o planeta, consolidando o nazismo como regime global.
Para lutar contra essa tirania, surgiram os Combatentes da Liberdade (Freedom Fighters), liderados pelo patriótico Tio Sam e acompanhados por heróis como Phantom Lady, Human Bomb, The Ray e Black Condor. Diferente de Superman, Batman e Mulher-Maravilha, que nunca existiram nessa realidade, esses heróis de origem mais humilde representavam a resistência contra a opressão.
O domínio nazista e suas armas
O diferencial da Terra-X sempre esteve em sua ambientação política. Ali, os nazistas não apenas venceram, mas usaram tecnologias avançadas para manter o controle. Uma das explicações clássicas nos quadrinhos é a existência de estações de controle mental espalhadas por monumentos históricos, como a Torre Eiffel e o Monte Fuji. Assim, além da força militar, o regime sustentava sua dominação pela manipulação psicológica em escala global.
Esse pano de fundo fazia da Terra-X um espelho distorcido da nossa realidade, explorando o medo coletivo do que poderia ter acontecido caso a história tivesse seguido outro rumo.
Do papel para a tela: Pacificador entra em cena
Agora não se trata mais de especulação. A segunda temporada de Pacificador confirmou que se passa em um universo alternativo dominado pelos nazistas, e os indícios apontam diretamente para a clássica Terra-X. Essa mudança conecta o personagem de John Cena a uma das realidades mais controversas da DC, transformando a série em um portal para o multiverso sombrio da editora.
No novo arco, vemos o herói ser lançado em um mundo aparentemente utópico, mas que rapidamente revela seus traços autoritários. Estruturas sociais controladas, ausência de diversidade e uma atmosfera de supremacia ideológica deixam claro que não estamos diante de um universo qualquer: trata-se da Terra-X modernizada para o público atual.
Essa escolha narrativa dá à série um tom político ainda mais ácido. Pacificador, que já vinha sendo marcada pela sátira social, agora se aprofunda em uma crítica a regimes autoritários, explorando como até mesmo o mais improvável dos heróis pode se tornar símbolo de resistência em um mundo controlado pela tirania.
O impacto dessa adaptação no DCU
Ao trazer a Terra-X para o centro da narrativa, James Gunn e a DC Studios não apenas resgatam um conceito clássico dos quadrinhos, mas também ampliam as possibilidades do DCU. Essa decisão abre portas para que outros universos alternativos apareçam futuramente, com heróis e vilões enfrentando versões distorcidas de si mesmos em mundos de “e se…?”.
Mais do que isso, coloca Pacificador em uma posição estratégica: a série deixa de ser apenas um spin-off irreverente e passa a ser peça fundamental na construção do novo multiverso da DC.
Terra-X hoje
Se antes a Terra-X era um cenário sombrio reservado a páginas de quadrinhos antigos e aparições pontuais em animações ou no Arrowverse, agora ela ganha vida em grande escala. Ver John Cena enfrentar as consequências de viver em um mundo moldado pelo nazismo é, sem dúvida, um dos movimentos mais ousados da DC em sua nova fase.
Ao confirmar que Pacificador se passa na Terra-X, o estúdio resgata uma das distopias mais inquietantes da cultura pop e entrega aos fãs uma nova camada de reflexão: o que significa ser herói quando o mal venceu há muito tempo?
