Arquivo Macabro | Jan Broberg: a menina sequestrada duas vezes pelo amigo da família

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Nos anos 1970, a pacata cidade de Pocatello, em Idaho, parecia um lugar seguro para criar filhos. A família de Jan Broberg era respeitada na comunidade e levava uma vida tranquila, marcada por laços religiosos e de amizade. Entre os vizinhos mais próximos estava Robert Berchtold, um homem carismático, divertido e aparentemente confiável.

A proximidade foi tamanha que ele se tornou quase um membro da família. Mas, por trás da simpatia, escondia-se um manipulador habilidoso, que durante anos planejou e executou um dos casos mais perturbadores de abuso psicológico e sequestro já registrados.

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A confiança conquistada

Berchtold frequentava a casa dos Broberg quase diariamente. Ajudava nas tarefas, participava das reuniões da igreja e fazia questão de estar presente em cada aspecto da rotina. Essa convivência constante lhe deu acesso privilegiado à intimidade da família.

Meses antes de cometer seu primeiro crime, ele já havia conseguido manipular os pais de Jan: manteve relações íntimas tanto com a mãe quanto com o pai da garota. Usou esses encontros como arma de chantagem, convencendo-os a assinar declarações falsas que mais tarde serviriam como álibi. A confiança estava corroída, mas a família ainda não percebia.

O primeiro sequestro (1974)

Em outubro de 1974, quando Jan tinha apenas 12 anos, Berchtold a levou em um suposto passeio a cavalo. No carro, ofereceu um remédio “para alergia”. Na verdade, era um sedativo.

Horas depois, Jan despertou dentro do motorhome de Berchtold. Estava com os pés e as mãos amarrados. Ao fundo, uma gravação repetia mensagens enigmáticas: extraterrestres teriam assumido o controle da situação e lhe deram uma missão sagrada.

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A fita dizia que Jan deveria gerar um filho com Berchtold. Caso se recusasse, seu pai seria morto, sua irmã ficaria cega e toda sua família seria destruída. Assustada e isolada, a menina acreditou. Durante semanas, ele manteve a narrativa dos alienígenas, reforçando que a sobrevivência de todos dependia dela.

Berchtold a levou até o México, onde chegou a organizar uma cerimônia para forçar um casamento. A ilusão parecia completa. Jan só foi localizada pelo FBI cinco semanas depois. Ainda assim, profundamente assustada, não revelou nada sobre os abusos. O sequestrador foi detido, mas ficou apenas alguns dias preso.

O segundo sequestro (1976)

Dois anos depois, o padrão se repetiu. Em agosto de 1976, Berchtold sequestrou novamente Jan. Dessa vez, matriculou-a em um internato católico na Califórnia, usando documentos falsos e apresentando-se como agente da CIA e pai da garota.

Enquanto Jan vivia sob o disfarce, ele seguia frequentando a comunidade em Idaho, circulando na igreja e mantendo a aparência de normalidade. O controle sobre a vítima permanecia, sustentado pela narrativa dos extraterrestres e pelo medo de que sua família fosse destruída caso ela desobedecesse.

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O despertar de Jan

Aos 16 anos, durante um acampamento, Jan recebeu o convite de um colega para tomar sorvete. Hesitou, lembrando-se das ameaças, mas acabou aceitando. Quando voltou para casa, percebeu que nada havia acontecido com sua família.

Aquele momento foi o ponto de ruptura. Aos poucos, Jan começou a testar os limites: conversava com outros adolescentes, ia a festas, conhecia novas pessoas. A cada nova experiência, entendia que a história dos alienígenas era apenas uma invenção. Foi então que encontrou forças para contar a verdade à família e iniciar o processo de libertação.

As falhas da justiça

Apesar dos sequestros, das provas de abuso e dos depoimentos da própria Jan, a justiça falhou em punir Berchtold de forma proporcional. Após o primeiro crime, ele ficou apenas alguns dias preso. No segundo, recebeu uma sentença que resultou em apenas 15 dias de detenção efetiva.

O caso escancarou a dificuldade da época em lidar com manipulação psicológica e abuso sexual infantil. Enquanto isso, Jan crescia sob o peso do trauma, mas encontrava voz para denunciar.

Assédio contínuo

Mesmo décadas depois, Berchtold não desistiu de assediar a vítima. Comparecia a eventos em que Jan estava presente, tentava intimidá-la e chegava a confrontá-la publicamente. A persistência fez com que ela solicitasse e conseguisse uma ordem de restrição vitalícia contra ele.

Ainda assim, o assédio não parou. Em 2004, já adulta e atuando como atriz e palestrante, Jan ainda relatava encontros perturbadores com o homem que marcou sua adolescência.

O fim de Robert Berchtold

Em 2005, Robert Berchtold foi acusado em outro caso de abuso infantil em Utah. Diante da perspectiva de enfrentar novas acusações e um processo judicial que finalmente poderia condená-lo, tomou uma decisão extrema: tirou a própria vida.

Foi o desfecho de um homem que, por décadas, se escondeu atrás da máscara de vizinho amigável e amigo da família. Mas para Jan Broberg, sua história já estava sendo reescrita. Ela seguiu adiante, transformando sua experiência em denúncia pública, e se tornou símbolo de resistência contra o silêncio em torno do abuso infantil.

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Saiba mais sobre o caso de Jan Broberg

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