Entre os muitos mistérios do Apocalipse, um continua despertando curiosidade e controvérsia: o número da besta. Para diversos estudiosos, essa cifra enigmática de 666 não aponta para o futuro, mas para o passado. Mais especificamente, para o imperador Nero, que aterrorizou os primeiros cristãos com uma perseguição brutal. A teoria de que ele foi o Anticristo é antiga, mas permanece viva até hoje.
O número 666, a besta e o nome de Nero
No livro do Apocalipse, capítulo 13, versículo 18, o autor convida o leitor a “calcular o número da besta”. Ele diz: “é número de homem; seu número é 666”. Com o tempo, muitos aceitaram o desafio. A resposta que encontraram surpreendeu: utilizando a gematria hebraica, o nome transliterado de Neron Kesar resulta exatamente em 666.
Essa coincidência não parece acidental. A gematria atribui um valor numérico a cada letra. Quando o nome do imperador é escrito em hebraico, a soma total confirma a cifra apocalíptica. Além disso, o contexto histórico reforça a conexão. Após o grande incêndio de Roma, em 64 d.C., Nero culpou os cristãos e deu início a uma série de execuções públicas. Ele mandou queimar corpos, lançar pessoas a feras e usou mártires como tochas vivas. A brutalidade foi tanta que, para os seguidores de Jesus, Nero encarnava o mal em forma humana.
Consequentemente, muitos passaram a vê-lo como a própria besta descrita no Apocalipse. Outros foram além: acreditaram que ele voltaria dos mortos para continuar seu reinado de terror. Essa ideia de um retorno maligno ganhou força. Surgiu, então, a lenda do “Nero redivivo”, figura que lideraria uma nova era de perseguição no fim dos tempos.

Nem todos concordam: outras interpretações do 666 e o Anticristo
Ainda que a teoria de Nero como Anticristo tenha forte apoio histórico e teológico, não é a única possível. Alguns estudiosos interpretam o número 666 como um símbolo da imperfeição humana, em contraste com o número 7, que representa plenitude divina. Outros acreditam que a “besta” não é uma pessoa, mas sim um sistema — político, religioso ou cultural — que se opõe ao Reino de Deus.
Mesmo assim, a força simbólica de Nero continua poderosa. Seu nome, ligado ao 666, permanece um exemplo de como os textos bíblicos dialogam com os acontecimentos históricos de seu tempo. Em vez de prever um futuro distante, o autor do Apocalipse pode ter falado diretamente à dor e ao medo vividos pelos cristãos perseguidos.
Embora o debate permaneça aberto, a figura de Nero como possível Anticristo nos lembra de algo essencial: muitas vezes, os grandes sinais não estão no amanhã, mas no ontem. E entender o passado pode nos ajudar a decifrar as profecias do presente.
Fim dos tempos? Profecia diz que Francisco pode ser um dos últimos papas – UOL