
Viúva Negra estreou no último dia 9 e enfim trouxe uma aventura “solo” da heroína interpretada por Scarlett Johansson, servindo também como despedida da personagem e da atriz do Universo Compartilhado da Marvel, além de claro abrir caminho para novos personagens. Mas será que o filme é bom? Nós vamos listar todos os prós e contras do longa dirigido por Cate Shortland sem puxar sardinha e nem bancar o hater chato, tudo segundo a opinião desse pobre que lhes escreve.
Primeiramente, acho que vale ressaltar que Viúva Negra acontece fora do momento ideal, não chamando tanta atenção quanto poderia, ao menos não a minha. Claro que a personagem é um dos membros fundadores dos Vingadores no UCM e, sob a brilhante interpretação de Johansson, se tornou uma das heroínas mais populares da atualidade, e é exatamente por isso que acho que fazer o filme solo da heroína depois de mais de uma década desde sua estreia nas telonas é um tanto frustrante, principalmente porque todos sabemos que Natasha teve um fim trágico em Ultimato, se sacrificando pela Joia da Alma. Na verdade, eu acho que o filme deveria ter sido lançado dentro da sequência cronológica que se encaixa, ou seja, após Capitão América: Guerra Civil e antes de Vingadores: Guerra Infinita, ou ao menos antes de “Vingadores: Ultimato” para que não tivéssemos a morte de Natasha martelando na nossa mente durante todo o filme.
Em relação à trama, tudo se desenvolve de maneira bem interessante, trazendo informações sobre o passado de Natasha Romanoff, não muito explorado até então, e dando mais sentimento à heroína, que inicialmente se apresentava fria e distante no UCM, o que foi mudando com o passar dos anos e filmes. O que pode ser um pouco decepcionante é que não há muito que nos remeta à espionagem, algo que esperava-se da personagem, e o filme funciona mais como ação com alguns pontos leves de mistério. A ideia de Natasha ter uma família ou algo próximo a isso também é bem curiosa e cativante, e a química de Scarlett Johansson e Florence Pugh é sem a menor dúvida o ponto alto de todo o filme; trazendo uma relação intensa e verdadeira entre irmãs como deve ser. Por falar em Florence Pugh, a atriz entrega tudo o que tem ao interpretar Yelena, trazendo uma personagem repleta de camadas e muito carismática, contando com uma dose de sarcasmo a cada fala que a torna muito próxima do público jovem para o qual é pensada.
Falando sobre outro personagem inserido no UCM através do filme, Alexei Shostakov, ou se preferir o Guardião Vermelho, também tem seus momentos na trama, embora para ser bem sincero achava que ele seria mais interessante. No fim, o personagem interpretado por David Harbour entrega cenas legais e momentos de alívio cômico, mas não surpreende. Claro que o filme tem muito mais interesse em dar profundidade à Natasha e Yelena, e talvez seja esse o motivo da versão russa do Capitão América não ser tão focada, o que deve acontecer em projetos futuros.
Outro ponto que vale pontuar aqui são os polêmicos efeitos especiais, o famoso CGI, que tem dividido opiniões por aí e gerado até uma zombaria nas redes como noticiamos recentemente aqui no QG. Acontece é que os efeitos visuais do filme ficam aquém do que alguns fãs esperavam, principalmente nos atos finais e na tão citada cena da explosão com Yelena, que de fato é bem ruim mesmo. Mas para ser franco, nós estamos ficando bem chatos com essa questão, como se o CGI fosse mais relevante que todo o enredo e atuação, o que não é. Enfim, “Viúva Negra” não está no nível que espera-se da Marvel Studios no quesito efeito especial, mas não a ponto disso se tornar um argumento para se dizer que o filme é ruim.
Terminando para não estender mais do que devemos, vale comentar a adaptação um tanto controversa do Treinador para o filme. Se nas HQs o vilão é Tony Masters, um ex-agente da S.H.I.E.L.D. que acaba se tornando um mercenário letal, no filme ele na verdade é ela, e quem acabou assumindo o manto foi Antonia Dreykov, filha do homem que controlava secretamente a Sala Vermelha e também uma vítima da missão em Budapeste. A ideia claramente é trazer uma amarração mais firme para o fundo de mistério envolvendo o que aconteceu com a menina após os eventos em Budapeste, além de claro trazer maior representação feminina para o Universo Marvel, o que é declaradamente o objetivo da nova fase dos filmes. Mas funcionou? Para ser direto, não. O problema não é Antonia ser a vilã que confronta a Viúva Negra, mas sim o mau proveito de um personagem como o Treinador, que poderia ter sido muito mais ameaçador do que foi afinal. Talvez no futuro possam “corrigir” isso como fizeram no caso do Mandarim, que será reapresentado em Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis.
Enfim, Viúva Negra não é um filme perfeito e poderia ser muito mais envolvente do que foi, mas cumpre o papel de trazer a despedida da personagem e de Scarlett e apresentar o futuro da mitologia através de Yelena Belova. É um filme que você vai querer ver e rever inúmeras vezes? Não. Mas também não é o filme desastroso que muitos estão querendo pintar por aí. No final, a lição que eu deixo aqui é: não é porque o filme é da Marvel que será sempre revolucionário, e isso não é uma crítica.