Eternos foi injustiçado? A análise de um dos filmes mais subestimados da Marvel

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Elenco, fotografia e trama não foram suficientes diante de um público cada vez mais condicionado a fan-service

Lançado em 2021, Eternos chegou como uma das apostas mais ousadas da Marvel Studios na Fase 4. Dirigido por Chloé Zhao, vencedora do Oscar por Nomadland, o longa prometia ampliar os horizontes do MCU ao apresentar uma narrativa cósmica, existencialista e carregada de simbolismo. O resultado foi um filme com elenco de peso, fotografia impecável, cenas de ação bem coreografadas e uma trama que ousava ir além do básico, trazendo reflexões sobre o papel dos deuses e a evolução da humanidade.

Ainda assim, o filme acabou estigmatizado como um dos maiores “fracassos” do estúdio, tanto em bilheteria quanto em recepção crítica. Mas será que isso foi culpa da obra ou do público?

O público da Marvel e o vício em fan-service

O problema de Eternos talvez esteja menos em suas escolhas criativas e mais no comportamento atual da base de fãs do MCU. Depois de uma década moldada por Vingadores e por filmes que se conectavam de forma quase obsessiva, o público passou a exigir fan-service como se fosse requisito básico. Aparições-surpresa, piadas internas e conexões diretas com outras franquias se tornaram quase obrigatórias para agradar.

Eternos quebrou esse padrão. A história é quase isolada, focada em apresentar personagens novos e um arco inédito no MCU: os Celestiais. A ausência de conexões diretas com outros heróis gerou rejeição imediata, especialmente de quem esperava que o filme fosse mais uma peça no tabuleiro para “o próximo grande crossover”.

O resultado foi previsível: uma obra que tinha potencial para se tornar um marco cósmico acabou recebida como “estranha” e “desconectada”, quando, na verdade, o que oferecia era justamente algo fresco em meio à fórmula repetida da Marvel.

O erro estratégico da Marvel Studios

O maior problema, no entanto, não foi a recepção fria, mas o abandono completo do arco dos Celestiais após o lançamento. O gancho deixado no final de Eternos, com a aparição do Celestial Arishem julgando a humanidade, poderia ter se tornado um dos fios narrativos mais importantes do MCU. Em vez disso, foi ignorado em silêncio.

E esse não foi o único arco descartado. A Marvel também abriu mão do grande vilão da Saga do Multiverso, Kang, após as polêmicas envolvendo o ator Jonathan Majors. Embora houvesse espaço para reformular o personagem ou explorar variantes, o estúdio preferiu evitar riscos.

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No lugar de seguir adiante com narrativas ousadas, a Marvel agora se apoia em mais um movimento de fan-service extremo: o retorno de Robert Downey Jr. — não como Tony Stark, mas como uma variante vilanesca, o Doutor Destino, em Vingadores: Doomsday. A escolha soa como um aceno desesperado ao passado, tentando reviver a era de ouro do MCU em vez de consolidar o futuro.

Um reflexo da crise criativa

Esse padrão expõe um dilema. Quando a Marvel arrisca algo novo, como em Eternos, parte do público rejeita por não entregar exatamente o que já conhece. Quando aposta no seguro, reciclando velhos ídolos e fórmulas gastas, recebe críticas de falta de originalidade. O estúdio, sem conseguir equilibrar inovação e nostalgia, parece ter se tornado refém de sua própria base de fãs.

Se Eternos tivesse recebido mais confiança e continuidade, talvez hoje o MCU tivesse um arco cósmico tão grandioso quanto a Saga do Infinito. Em vez disso, o estúdio escolheu o caminho fácil: apostar no conforto de ver Robert Downey Jr. de volta — ainda que em um papel completamente diferente.

No fim, Eternos segue como um dos filmes mais injustiçados da Marvel: ousado, esteticamente belo e com potencial de transformar o MCU em algo maior. Mas, sufocado pela dependência de fan-service e por escolhas estratégicas equivocadas, o filme acabou lembrado como fracasso, quando, na verdade, foi uma das últimas tentativas de inovação do estúdio.

Fonte externa: GamesRadar

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