Besouro Azul estreia nessa quinta-feira (17) nos cinemas brasileiros e entrega uma perspectiva latina para o vasto universo de filmes de super-heróis. Estrelado por Xolo Maridueña e Bruna Marquezine, o longa conta com direção de Angel Manuel Soto e aposta em uma trama simples para prender a atenção do público. Veja o que nós achamos do filme:
Um filme planejado para streaming
Antes de falarmos diretamente do filme, precisamos voltar um pouco na jornada de Besouro Azul desde a produção até o lançamento nos cinemas. Para quem não se lembra, o filme entrou em produção quando Walter Hamada ainda era presidente da extinta DC Films e fazia parte de uma leva de filmes para o streaming da Warner Media, acompanhado de Batgirl e Super Gêmeos. Muito em conta disso, toda a escala do filme foi pensada para essa plataforma mais limitada, ou seja, é um filme com ambientação mais simples do que se espera de uma produção cinematográfica.
Quando David Zaslav assumiu a Warner Bros. Discovery, determinou que a empresa não concentraria esforços em produções exclusivas para streaming. Com isso, tivemos o cancelamento polêmico de Batgirl e também de Super Gêmeos e a migração de Besouro Azul para os cinemas. No entanto, a escala do filme parece ter sido mantida. O que queremos dizer com isso?
Besouro Azul gira em torno de dois ambientes durante suas duas horas de duração, o vilarejo onde a família Reyes mora e Palmeira City. No entanto, nenhum desses ambientes possui grande investimento no quesito de torná-los mais críveis e realistas. A produção conta com poucos figurantes e movimento de fundo e muitas vezes parece que o mundo parou para simplesmente assistir às cenas de Jaime Reyes e sua família. Não chega a ser algo que destrua a experiência cinematográfica, mas com certeza uma escala maior daria peso às cenas, principalmente aos combates.

Bruna Marquezine e Xolo Maridueña dão um show de atuação
Quando ficamos sabendo da escalação de Bruna Marquezine para o filme, tememos que se tratasse de mais um caso de marketing exagerado e que a atriz brasileira tivesse apenas alguns instantes de tela. Mas não. Bruna de fato é a coprotagonista da trama e possui uma importância única para a construção de Jaime como super-herói. Jenny Kord, sua personagem, é a responsável por explicar praticamente tudo em torno do Escaravelho, Besouro Azul e do risco que tudo acarretaria à família Reyes. Sua atuação é surpreendente e a amizade pessoal com Xolo Maridueña fora das câmeras certamente reflete em cena. A química entre eles é excelente. Bruna agarra a sua primeira oportunidade em Hollywood com toda garra e certamente é um dos destaques do filme.
Quando ao protagonista Xolo Maridueña, ele também entrega um excelente trabalho de atuação. Jaime é um jovem carismático e possui uma facilidade de identificação com o público, especialmente com o público latino. O ator entrega alguns momentos de emoção e, mesmo que tais momentos sejam explorados com excesso pelo roteiro, faz um bom trabalho.

Vilões esquecíveis
Um dos maiores problemas do filme, como já dissemos, é a escala muito baixa para os cinemas. Além da ambientação, vemos essa escala pouco imersiva quando nos focamos nos vilões Victoria Kord e Carapax. A motivação de ambos é extremamente rasa e o perigo que eles oferecem na prática à família de Jaime também. Susan Sarandon entrega uma das piores atuações do filme e parece não ter a menor identificação com a trama. Victoria Kord é uma vilã descartável e sem apelo, do tipo que você não consegue nem amar nem mesmo odiar.
Enquanto isso, Raoul Trujillo interpreta Conrad Carapax de forma aceitável, mas o vilão também não possui uma motivação interessante e é em muitos momentos prejudicado pelo roteiro clichê.

Roteiro clichê
Essa nem chega a ser uma crítica quando o assunto são os filmes de super-heróis, pois é praticamente impossível fugir dos clichês desse gênero. Mas Besouro Azul abusa deles e muitas vezes se torna previsível. Em alguns momentos, personagens aparecem do nada exatamente na hora que precisam aparecer, algo semelhante ao que vimos em Aquaman em 2018.
Mas o maior problema do roteiro de Besouro Azul é o abuso de drama. Em diversos momento, fica nítida a necessidade do roteiro de tirar pelo menos uma lágrima do público, o que pode até conseguir. Mas como trata-se de uma trama simples com vilões pouco ameaçadores e uma escala de ambientação muito pequena, todo o drama parece não condizer com o que de fato a família Reyes está enfrentando. Na verdade, se você olhar bem, eles nem estão sob uma ameaça tão grande. O Besouro Azul é extremamente poderoso e, mesmo com a inabilidade de Jaime Reyes nesse primeiro filme, fica clara sua superioridade diante dos inimigos. Talvez o maior erro do roteiro seja mesmo os vilões e seu potencial de ameaça ao herói.
Efeitos especiais surpreendentes
Um dos pontos positivos de Besouro Azul é também um dos mais polêmicos na história recente dos filmes de super-heróis. Os efeitos especiais ou o famoso CGI são muito bons e convencem na tela grande. O traje do Besouro está lindo, sendo quase totalmente prático e apenas finalizado com CGI. A geração das armas do herói é muito legal e o peso de seus ataques também são satisfatórios. Como a escala de ambientação é pequena, as cenas de ação acontecem em cenários limitados, mas são uma boa experiência.
No fim das contas, depois de bizarrices como She-Hulk, Thor: Amor e Trovão e The Flash fica difícil achar defeito nos efeitos visuais de Besouro Azul.
Excelentes referências à cultura latina
Uma coisa muito assertiva do filme é seu apelo para o público latino. Besouro Azul tem a capacidade de nos atrair para perto das raízes latinas de Jaime Reyes e, como brasileiros, muitas vezes nos identificamos com toda a atmosfera do filme. Sendo repetitivo, se a escala do filme fosse maior, essa identificação poderia ser mais intensa.
Um filme simples demais para o momento
Concluindo, Besouro Azul é um filme ok como muitos que temos no mercado. Não é um filme que vai marcar sua vida como cinéfilo, mas também está longe de ser um desastre. É simplesmente ok. O problema, no entanto, é que o gênero de filmes de heróis já enfrenta um desgaste natural no mercado e Besouro Azul não tem o peso necessário para trazer o interesse coletivo de volta.
Além disso, o momento do Universo DC também não é favorável para o filme, já que ninguém sabe o que está de fato acontecendo. Besouro Azul não faz parte do antigo DCEU, mas também não é o início oficial do novo DCU de James Gunn e Peter Safran. Como filme independente é um filme ok, mas como parte de algo maior deixa muito a desejar. É claro que, como sempre falemos aqui no QG, nosso conselho é que você vá ao cinema, assista e tire suas próprias conclusões.
Nota 6,5/10
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