Em 2020, a Netflix lançou Sergio, filme que coloca no centro das atenções um brasileiro que muitos ainda não conheciam: Sergio Vieira de Mello, alto comissário da ONU que dedicou sua vida a missões em zonas de conflito ao redor do planeta. O longa, dirigido por Greg Barker, traz Wagner Moura no papel principal e Ana de Armas como Carolina Larriera, companheira do diplomata nos últimos anos de sua vida.
Sergio não era apenas um burocrata internacional. Ele foi chamado de “o diplomata das causas impossíveis”, atuando em cenários como Timor-Leste, Camboja e Iraque. Sua capacidade de dialogar com líderes autoritários e populações locais o tornou uma figura admirada, mas também alvo de pressões políticas intensas.
O atentado que mudou a ONU
O filme se concentra especialmente em 2003, quando Sergio foi enviado a Bagdá para negociar a reconstrução do Iraque após a invasão liderada pelos Estados Unidos. Seu objetivo era dar legitimidade internacional à missão e proteger civis em meio ao caos. Mas em 19 de agosto daquele ano, a sede da ONU em Bagdá foi alvo de um ataque suicida. A explosão matou 22 pessoas, incluindo o próprio Sergio, e marcou uma das maiores tragédias da história da organização.
Greg Barker já havia retratado esse episódio no documentário de 2009, mas aqui a abordagem é mais pessoal, tentando equilibrar o impacto político do atentado com o drama íntimo do protagonista.

Entre o romance e a política
Diferente de um retrato puramente institucional, o longa aposta na dimensão humana do diplomata. O filme mostra sua relação com Carolina Larriera, interpretada por Ana de Armas, como fio condutor emocional da narrativa. O contraste entre os corredores da ONU, as zonas de conflito e os momentos íntimos do casal dão ao longa uma cadência que oscila entre a biografia política e o melodrama romântico.
Essa escolha divide opiniões. Para alguns, a ênfase no romance enfraquece a densidade histórica do personagem. Para outros, é justamente essa abordagem que aproxima Sergio do público, tirando-o do pedestal e revelando fragilidades e dilemas pessoais.
O peso de Wagner Moura
Wagner Moura carrega o filme com uma performance intensa. Ele não apenas interpreta o protagonista, mas se compromete a apresentar ao mundo a importância de sua trajetória. Em entrevistas, Moura afirmou que sua motivação era resgatar a memória de um brasileiro que deixou uma marca profunda na política internacional, mas que ainda era pouco conhecido em seu próprio país.

“Sergio Vieira de Mello é um herói brasileiro. Nós precisamos conhecer nossas figuras históricas que tentaram tornar o mundo um lugar mais justo.” – Wagner Moura, em divulgação da Netflix.
Vale a pena assistir?
Sergio não é um filme de ação, apesar de retratar zonas de guerra. Também não é um drama político frio, embora explore bastidores da diplomacia. É, antes de tudo, um retrato humano sobre escolhas, paixões e riscos de quem dedicou a vida à paz.
Para quem busca compreender melhor a história da ONU, o papel do Brasil no cenário internacional e o impacto de um dos atentados mais marcantes do século XXI, o longa é obrigatório. Para quem procura apenas entretenimento rápido, talvez a cadência mais lenta e contemplativa não agrade.