Gal Gadot atribui fracasso de A Branca de Neve a pressões políticas, mas será só isso?

gal gadot a branca de neve

Gal Gadot, que interpretou a Rainha Má no remake live-action de Branca de Neve, causou polêmica ao atribuir o baixo desempenho do filme nas bilheterias à pressão política após os ataques de outubro de 2023. A atriz sugeriu que as exigências sobre celebridades se posicionarem contra Israel afetaram diretamente a recepção da produção e mudou o tom em seguida.

Em entrevista para a TV israelense no programa The A Talks, ela disse:

“Eu tinha certeza de que seria um grande sucesso. E então aconteceu … houve muita pressão para as celebridades se manifestarem contra Israel.”

Segundo Gadot, essa pressão teria colocado o filme — que teve custo estimado entre US$ 240–270 milhões e arrecadou apenas cerca de US$ 205 milhões — em uma rota de fracasso.

Mas, no dia seguinte, ela usou seu Instagram para esclarecer:

“Às vezes respondemos a perguntas de um lugar emocional… claro, o filme não fracassou apenas por causa de pressões externas. Há muitos fatores que determinam o sucesso ou fracasso de uma produção.”

A atriz destacou que se sentiu pessoalmente atacada por causa de sua nacionalidade — antes de ser vista como artista — mas reconheceu que esse não foi o único motivo para o mau desempenho comercial do longa.

Gal Gadot tem razão em relação ao fracasso de A Branca de Neve?

De fato, o caso de A Branca de Neve abre espaço para uma reflexão maior: até que ponto elementos políticos e geopolíticos influenciam a recepção de uma obra de entretenimento? Não é a primeira vez que Hollywood se vê em meio a tensões externas. Desde boicotes culturais na Guerra Fria até as recentes campanhas digitais contra atores por suas posições públicas, a relação entre política e cinema sempre foi delicada.

No entanto, reduzir o fracasso do filme apenas a pressões políticas parece simplista. As primeiras reações ao marketing já eram majoritariamente negativas, críticas à escalação, ao tom da narrativa e até mesmo ao distanciamento em relação ao conto clássico. Some-se a isso uma bilheteria muito abaixo do esperado e críticas mornas da imprensa especializada. O resultado foi uma obra que não encontrou apoio nem no público conservador, nem nos espectadores que buscavam uma nova leitura do clássico.

O ponto levantado por Gadot é válido — existe, sim, um ambiente hostil em que artistas enfrentam cobranças por suas posições políticas. Mas, no caso de A Branca de Neve, parece claro que a rejeição extrapolou esse campo. Foi uma combinação de desgaste com a estratégia da Disney em revisitar suas animações, problemas criativos na adaptação e, sim, um contexto político inflamado que ajudou a piorar a recepção.

O fracasso do filme se torna, então, um estudo de caso: não basta apenas avaliar se o público rejeitou por ideologia, é necessário observar o desgaste do formato e a execução artística. Gadot pode ter razão em apontar o peso da política, mas é inegável que A Branca de Neve tropeçou muito antes mesmo de chegar às salas de cinema.

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